Tenho amigos palestinos e israelenses, muçulmanos e judeus.

A demonização de Israel é um engano; a demonização do Hamas, também.

O erro de Israel não está em “se defender”; o erro está NA MANEIRA de se defender.

A faixa de Gaza é como uma gigantesca favela, em torno da qual Israel construiu um muro. O erro começa por aí… Os muros são anacrônicos, não têm eficácia. O muro de Berlim, o mais famoso, caiu; a notícia não chegou em Tel-Aviv?

Alguns americanos segregacionistas fizeram um muro na fronteira com o México; ela é tão extensa, que o muro não cobre toda a sua extensão. Mas os mexicanos continuam cruzando a fronteira aos milhares, mesmo nas partes em que existe o muro… Eficácia mural muito baixa.

O governo de Israel resolveu atacar o Hamas, que se esconde na favela de Gaza, com mísseis… Ora, isso é uma atrocidade e também uma grande burrice! Imaginem se o governo do Rio de Janeiro, ao implantar as famigeradas UPPs, tivesse precedido a ação policial com lançamento de mísseis, matando mulheres e crianças, com o objetivo de atingir as gangues de traficantes… Um absurdo!

A lógica (absurda!) do governo israelense é a de que essa ação faria com que a própria população atacada se voltasse contra o Hamas, ao invés de culpar Israel… No delírio do comando israelense, o povo Palestino não culparia Israel pelo bombardeio, culparia o Hamas… E ainda, segundo esse delírio, o Hamas se arrependeria de ter atacado Israel primeiro, com seus próprios mísseis, e resolveria parar com suas ações hostis, intimidado pelo poderio militar de Israel e desejoso de poupar o povo Palestino desse sofrimento balístico, admitindo que a culpa disso tudo estava com eles, do Hamas.

Parece inacreditável que os generais israelenses possam acreditar nessa lógica, mas é isso que está acontecendo…

Para se defender, Israel teria duas opções: 1) reconhecer um Estado Palestino e negociar uma convivência formal entre Israel e Palestina; ou 2) derrubar o muro e incorporar a faixa de Gaza, integrando os palestinos no Estado de Israel.

Desgraçadamente, o governo atual israelense não aceita nenhuma dessas opções (é claro que elas encerram problemas, mas são ambas viáveis). Ao invés disso, o governo atual de Israel imagina que pode simplesmente intimidar os palestinos pela força e é aí que está o seu erro… Assim como os nazistas não conseguiram acabar com o povo judeu através do Holocausto, Israel não vai conseguir domar os palestinos usando a força. Pelo contrário, o uso da força apenas acirra os ânimos e leva muitos palestinos que até então eram pacifistas, a pegarem em armas para vingar suas mulheres e crianças.

Será possível que Israel acha que algum viúvo ou órfão palestino vai ficar com tanta raiva do Hamas, que vai pegar em armas e lutar ao lado do exército de Israel contra esses “bandidos do Hamas, vocês mataram minha família, vocês são a causa dessa mortandade e não os inocentes mísseis israelenses!”

Me parece uma estupidez muito grande, mas Einstein, um judeu brilhante, já nos avisava para nunca subestimar a estupidez humana…

O governo atual de Israel precisa ser substituído por outros governantes, que tenham um pouco menos estupidez e consigam vislumbrar um outro caminho para a convivência pacífica entre israelenses e palestinos.

Sem esquecer que a estupidez militarista é alimentada, no mundo inteiro, pelos fabricantes de armas, que ganham a vida vendendo ferramentas que facilitam tirar a vida dos outros.