Este é um velho ditado que eu ouvia dos comentaristas de futebol, pelo rádio, desde a minha infância. Se um time domina o jogo, pressiona, mas não consegue fazer um gol, acaba levando um gol de contra-ataque do adversário.
Pois bem, o Brasil tem problemas que vêm sendo discutidos há décadas, mas que não resolvemos até agora. Falamos e falamos dessas mesmas questões, mas não conseguimos resolver. Se continuarmos assim, na base de muita conversa e pouca ação, vamos acabar levando gols de contra-ataque: a situação vai ficar muito pior. Ao invés de trabalhar pelo desenvolvimento, para nos tornarmos um país de primeiro mundo, vamos ter que lutar pela sobrevivência, para evitar o caos da Líbia, da Síria, do Sudão.
Mas que falta de educação!
Há anos falamos que é preciso investir mais em educação. Entra governo e sai governo, passamos da ditadura militarista para a ditadura sindicalista e o problema continua. A qualidade da educação parece estar caindo, a qualidade dos professores também. As famílias educam cada vez menos e o resultado é uma geração perdida, revoltada, procurando um caminho no escuro. Entre black blocs e rolezinhos, a situação se deteriora. A falta de uma educação de base está levando o país à imbecilização generalizada e, o que é pior: à violência espúria.
Pior do que um imbecil é um imbecil armado e com raiva. Estamos gerando milhares de imbecis, que advogam abertamente a luta armada, à esquerda e à direita. Contra os protestos, advogam a polícia de choque. Diante da incompetência policial, advogam o exército nas ruas. O que vão pedir em seguida? Bomba nuclear na Avenida Paulista?
Prensando a imprensa
Os jornalistas estão sendo alvo de agressões nas ruas, pelo simples fato de estarem cobrindo os acontecimentos. O povo critica os políticos e os três poderes, agora está criticando também o quarto poder, a imprensa. Não só criticando: batendo, jogando rojão, ateando fogo nos veículos da imprensa, matando. A turba multa não perdoa, não tem noção, não tem educação, não tem escolha. A imprensa também se revolta, apoia a violência, endossa o linchamento de um garoto. A falta de educação significa que a imprensa não tem qualidade, a polícia não tem qualidade, estamos matando a nossa sociedade como um todo, aos poucos.
A via verde-amarela
Precisamos de uma terceira via. Entre a via vermelha da extrema esquerda e a via verde-oliva da extrema direita, precisamos de um caminho de bom senso e menos roubalheira. A nova geração não sabe disso, mas o PSDB, quando nasceu, era essa terceira via. Em seguida, fracassou a tentativa de uma coalizão dos intelectuais do PSDB com os moderados do PT, ainda no final dos anos 80. O resultado foi que o PSDB se juntou ao PFL e perdeu o rumo, saindo pela direita. Anos depois, o PT chegou ao poder fazendo coalizões ainda mais esdrúxulas, com o PL (que era mais conservador do que o PFL!) e com o Quércia (que havia batido todos os recordes de corrupção).
Nossa democracia virou uma piada, trágica, de humor negro, com gosto amargo. O futebol, que era a alegria do povo, agora é motivo de batalhas campais: entre torcidas adversarias e entre quem é contra e à favor do futebol. Até o tal de “Bom Senso F. C.”, que havia começado tão bem, perdeu o senso ao advogar uma greve. Essas palavras não combinam. A greve é uma tática burra, de falta de educação. Existem muitas formas mais inteligentes de resolver as questões.
Chega. Está na hora de organizar uma revolução de mentalidade, atacando o problema educacional em várias frentes. A solução não virá do PT e nem do PSDB, muito menos do PMDB, que tem representado o que há de pior nesse país: o fisiologismo. Precisamos organizar um movimento amplo de mudança da cultura nacional, para valorizar a educação com qualidade, em toda parte, em todos os níveis.
Se não fizermos isso logo, vamos perder de goleada.